Por que ler os clássicos no contexto da Literatura Comparada e da Literatura Mundo?
Helena Carvalhão Buescu (Universidade de Lisboa)
27 de Setembro de 2022
15:00
FLUL, sala B112.C
Veremos algumas das razões para que se leiam clássicos. De entre elas, a que podemos relacionar com Herberto Hélder e a sua noção de “erro feliz”, Oulof (1997), para se referir aos “poemas mudados para português (“um português desarrumado, errado, libertado, regenerado, recriado”).
Os clássicos trazem “erros” que surpreendem e nunca podem ser corrigidos. Alguma coisa está “errada”: parece faltar, parece sobrar, parece não pertencer àquela história, parece perturbar o que de outra forma seria regular, ordenado. Um clássico “desencaixa”, no sentido em que nos obriga a ver “fora da caixa”. A isto, os Formalistas Russos, há 100 anos, chamaram efeito de “estranhamento”. Podemos hoje insistir na forma como há textos que não cessam de nos surpreender, e na sua mesma antiguidade são sempre novos. São os que têm a matéria dos clássicos.